O nome de Deus é Jeová? De quem são “testemunhas” os membros da Sociedade “Torre de Vigia”?

imagesMuitas vezes, quando uma “testemunha de Jeová” quer expor a sua doutrina sobre “o nome de Deus”, parte da idéia que cada um de nós tem um nome e gostamos de sermos chamados por ele. O nome, na mentalidade deles, tanto para as pessoas como para Deus, seria o aspecto mais importante e não deve ser negligenciado. Admitiriamos sem reservas esta premissa um tanto lógica, se as “testemunhas” não estariam a contradizer-se! Sendo perguntados quais são os nomes dos editores da Biblia deles (a tradução do “Mundo Novo”), eles respondem: ”Somente Deus deve ter um nome: Jeová. Para um indivíduo, ter um “nome” significa estompar a grandeza divina” [1]. Assim como claramente podem concluir desta frase, o homem nem sequer tem um nome em comparação a Deus e então, o pequeno truque prozelita deles não funciona. Ou será que se trata de outro nome? Também isso não está claro, já que, na opinião deles, um nome humano poderia “estompar a grandeza divina”… Uma coisa é clara: nem “as testemunhas de Jeová” sabem se “o nome de Deus” pode ser, dalguma forma, comparado a “o nome dum indivíduo”… Neste caso, o que é “o nome de Deus”? Existe um “nome” semelhante? Varias vezes, tanto antes de Moisés (Gênesis 32:29), como depois dele (Juizes 13:17-18), Deus Se recusa a dizer Seu “nome”. Podemos até dizer que Deus Se recusa a atribuir a Ele um nome porque,assim como dizia São Dyonisios o Areopagita, Ele é “Aquele com varios nomes” e “acima de qualquer nome”. Somente este apofatismo é verdadeiramente digno da “grandeza de Deus” da qual falam “as testemunhas”. Assim como veremos daqui adiante, mesmo quando Deus Se revelou a Moises como sendo “Javé” (Exodo 3:14) [2], Ele somente revelou a ele mais um dos varios e inúmeros atributos Dele e não “um nome proprio”. Mesmo aceitando a ideia que “Javé” seria um nome proprio, temos que ver a que Pessoa divina deve ser atribuido, pois não é possivel que três Pessoas tenham o mesmo nome proprio. As Pessoas da Santissima Trindade podem ser caracterizadas juntas e inseparávelmente com os mesmos atributos divinos, mas, quando falamos de “nome”, este somente pode ser duma unica pessoa. Éis que, desta forma,chegamos a nos confrontar com uma outra heresia sostida pelas “testemunhas de Jeová”, que diz que “a Trindade não existe” e que “Jesus Cristo, O Filho de Deus, não é Deus” e que o Espirito Santo não é mais que uma “energia activa”. Não nos propomos demonstrar logica e teologicamente a existência da Santissima Trindade. Mas é interessante que, debatendo o problema do “nome de Deus”, vamos concluir naturalmente que Jesus Cristo é Deus. E se Jesus Cristo é Deus, como ensinam todos os cristãos, então o Espirito Santo tambem é Deus, ou seja,temos um Deus Trinitario e a doutrina das “testemunhas” é herética e aberante. Passemos, então, a leitura da Biblia e aos sentidos que inferimos dos textos disputados: ”As testemunhas de Jeová” consideram que Deus (unico em essência / pessoa – eles nao diferenciam essas duas noções) revelou a Moises Seu nome e esse nome é “Jeová”. Tambem dizem que esse nome significa “Jeová Se autodetermina com sabedoria a virar qualquer coisa que for necessaria a virar, para conseguir Seus propositos” [3].Além da leitura errada da tetragrama biblica יהוה (YHWH), coisa que eles reconhecem (sobretudo já que a apresentam muito diferente na transposição em varias linguas do mundo)[4], a interpretação que eles dão a este nome é totalmente heretica e sem lógica. Por um lado, falam de alguns “propositos” de Deus que, evidentemente, só podem ser raportados a este mundo (a dimensão ad extra) e, por outro lado, falam duma “autodeterminação” e “transformação” de Deus que, logicamente, se referem ao Proprio Deus (dimensão ad intra). Se “as testemunhas” não fazem essa diferença entre as dimensões ad intra e ad extra de Deus, significa que eles criam um deus segundo a sua imaginação, que “se autodetermina” e “transforma” Sua natureza dependendo das pessoas, e se essa “autodeterminação” e “transformação” não se refere a essencia de Deus, mas significa a capacidade de adaptação ao entendimento e à inferioridade dos humanos, ou seja um tipo de camaleão, concluimos que este “nome de Deus” não se refire mais a Ele, mas a essa capacidade de ser camaleão… Enfim, nunca poderemos entender, se formos seguir esta linha de argumentação das “testemunhas”. Acho que precisamos tratar o problema dum outro jeito, seguindo uma logica saudável e uns rigores cientificos que nao desafiem nem a lógica, nem a filosofia (não no sentido ideológico, mas terminológico) e, é claro, nem a teologia. Devemos destacar que, no Antigo Testamento, a Deus Lhe são atribuidos mais de 80 “nomes”, mas nenhum deles é um “nome proprio”, mas são nomes de atributos e obras de Deus. O “nome” mais comum é, em verdade, Javé (6823 vezes segundo a conta dos judeus e 6928 vezes segundo a conta dos protestantes). Além deste nome, encontramos tambem: Javé-Savaoth (268 vezes), Javé-Elohim (42 vezes), Javé-Adonay (5 vezes), Adonay (131 vezes), Ja (26 vezes; abreviação de Jave), Eloah ou Elohim (57 de ori), [El-] Şaddai = Todo-Poderoso (48 vezes) etc. [5]. É relevante tambem o fato que, no Novo Testamento, o nome Javé não aparece. Nem O Salvador Jesus, nem os Discipulos nunca procuraram difundir o nome Javé e isso tem várias explicações:

A.

1. É sabido que os judeus, devido a uma piedade especial e até exagerada para com “o nome” Javé, se recusavam a pronunciar este “nome” no dia-a-dia, acostumando substitui-lo com Adonay – O Senhor. Somente o sumo-sacerdote, uma vez por ano, na festa Yom Kippur, pronunciava este nome no santuário, mas duma forma camuflada, para que não fosse facilmente percebido [6]. Parece que esta “piedade” tem a ver com o terceiro mandamento do Decálogo (Exodo 20:7), sendo desenvolvida ápos a epoca de Moisés, sobretudo no periodo inter-testamentario e o talmudico, mas que não existiu no princípio, quando os filhos de Abrahão ainda “invocavam o nome de Deus” (Gênesis 4:26). É claro que aqui aparece uma pergunta: qual era o nome divino que os primeiros descendentes de Abrahão conheciam se, conforme “as testemunhas de Jeová”, o único “nome” de Deus é Javé (Jeová) e ele foi revelado a Moisés?

2. O sentido deste “nome” foi decifrado no texto de Exodo 13:14, onde encontramos a expressão ebraicaani Yehieh aşer Yehieh [7], que foi traduzida na Septuaginta com a expressão γώ εμι ὁ ν = Eu sou Aquele Que sou. O livro do Apocalipse 1:4,8 também dá um sentido escatologico a essa expressão: „Aquele Que é, Aquele Que era e Aquele Que vem”, mas, na teologia cristã (e mesmo na judaica) ficou, como sentido básico, a expressão “Eu sou Aquele Que sou”, ou seja “Eu sou Aquele Que tenho Minha existência atraves de Mim Mesmo, Aquele Que existo atraves de Mim”. Alguns exegetas judeus interpretam este nome no sentido de “ Eu sou Aquele Que (toda hora e em todo lugar) estou presente”, interpretação que pode ser aceita, se pensarmos no contexto em qual foi dita. É claro que o mais importante que devemos observar aqui é que “Javé” não é, de fato, um nome proprio, mas o nome dum atributo divino ou, como alguem dizia, a concentração numa única expressão (nem sequer numa só palavra) dos mais concretos atributos divinos [8].

3. Voltando a substituição de Javé com Adonay, ’as testemunhas de Jeová” constatam (neste caso, eles tem razão) que esta substituição era feita não apenas na leitura, mas tambem no texto escrito.”As testemunhas” identificaram 134 lugares no Antigo Testamento onde os masoretas substituiram o tetragrama com um outro nome [9], mas esquecem de mencionar que, no “esforço de corrigir o erro dos masoretas”, eles introduziram sem nenhum motivo “o nome” Jeová em 7210 lugares, lá onde este “nome” nunca esteve [10].

4. A tradução grega do Antigo Testamento (Septuaginta), feita pelos judeus elinizados, no seculo III a.C, apenas mostra a situação existente naquele momento no mundo ebraico, com respeito à leitura e citação do “nome de Deus”. O texto de Exodo 3:14 é traduzido na Septuaginta γώ εμι ὁ ν = Eu sou Aquele Que sou,e no resto dos casos, a Septuaginta usa o equivalente Adonay – Κύριος = O Senhor. Esta situação se refletirá no Novo Testamento onde, mesmo quando são citados textos vetero-testamentarios que contêm o tetragrama, ele é substituido por um outro “nome”, usualmente: O Senhor (comparem: I Pedro 2:3 com Ps. 33:8; Hebreus 1:10 com Ps. 101:26;  Actos 2:25 com Ps. 15:8;  I Pedro 3:15 com Isaias 8:13; Romanos 10:13 com Joel 3:5; Filipenses 2:10-11 com Isaias 45:23-24). Falaremos mais do sentido do tetragarama no Novo Testamento abaixo; para começar, desejamos destacar, uma vez mais, que o texto do Novo Testamento não contêm nenhum tetragrama no sentido classico e lá onde tem “rastos” deste tetragrama, ele se refere exclusivamente a Cristo, o que é extremamente importante.

5. O povo judeu e ate Deus não consideravam Javé o Seu unico nome e nem sequer o consideravam o mais importante. A Sagrada Escritura, mesmo a partir do primeiro versiculo (Gênesis 1:1), fala sobre Elohim (o plural de El/Eloah). “As testemunhas de Jeová” dizem que Elohim não é um nome proprio da divindade, mas um nome geral, que significa ‘Deus’, sem mostrar o “nome” de Deus [11]. Mas a Biblia os contradiz seriamente. Em Daniel 9:19, lemos que: “a tua cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome”. Agora, vamos por uma pergunta retórica às “testemunhas”: o povo judeu se chamava Işra-Jeova ou Işra-El(de El / Elohim)? Em conclusão, Deus marca seu povo Israel, assim tambem como muitos dentre Seus justos e profetas (Iezechi-El, Dani-El, Misa-El) não com o nome de Javé, mas com o nome Elohim. Observemos que os anjos (Micha-El, Gabri-El, Rafa-El), que são os mais próximos de Deus, conhecem e servem aos Seus misterios, usam tambem o nome que deriva de El / Elohim, não de Javé. Este argumento é importante, se pensarmos que, na concepção das “testemunhas” (errada do ponto de vista cristão), o Arcanjo Miguel é idêntico a Cristo, O Filho de Deus [12]. Resta a conclusão, mesmo segundo a mentalidade deles, que “O Filho de Deus” têm, no Antigo Testamento, um “nome” que ignora “o nome” de Javé. Mas é interessante que tambem no Novo Testamento, O Filho de Deus, sobre O Qual foi profetizado que “nascerá [de Virgem] e terá o nome Emanu-El” (Isaias 7:14), quando morreu na cruz, invocou Seu Pai (em ebraico): Eli, Eli (de El / Elohim), lamah sabahtani!” e não Jave!

B.

1. Com a chegada de Cristo no mundo, tudo mudou. Sabemos que a doutrina das “testemunhas de Jeová” está cheia de contradições com respeito à Pessoa e o papel do Salvador Cristo no mundo, sobretudo já que eles não reconhecem a Sua divindade, mas veremos, uma vez mais, que a Escritura está do nosso lado, quando somos sinceros na busca e compreensão da Verdade. Uma das sinteses mais importantes sobre Cristo está na Carta aos Filipenses 2:5-11:Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-se a Si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem, rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome, para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da terra; e toda a língua proclame:Jesus Cristo é o Senhor!“, para glória de Deus Pai”. Deste texto, além da confissão clara da Divindade de Cristo (que, para Ele, não era uma “usurpação”, mas uma dignidade “de condiçao divina”), vemos ainda que Deus-Pai concedeu ao Filho “o Nome que está acima de todo o nome”, ou seja acima tambem do nome Javé e de qualquer outro “nome” do Antigo ou Novo Testamento. Aparece a pergunta: qual é esse Nome? Do texto acima e tambem doutros textos paralelos muito importantes (João 13:13; Actos 10:36; I Corintios 8:6 e 12:3), concluimos que este nome é Κύριος – O Senhor”. Mas, aparece mais uma pergunta: este nome – O Senhor – que é a tradução do ebraico Adonay, substitui em escrita e leitura “o nome” Javé, como o fez a Septuaginta (com o Κύριος), ou ele vai se delineando como um “nome” a parte, que substituira, de agora em adiante, o tetragrama biblico, inclusive no sentido teológico (não somente no sentido literal)? A pergunta é bastante complicada e, ao mesmo tempo, muito importante e é por isso que merece uma analise mais minuciosa.

2. Os icones ortodoxos têm escrito, no halo do Salvador Cristo: ὁ ν (= Aquele Que é) e num ecfónis no final das Vesperas e Matinas o padre diz (numa tradução correta): “Aquele que é”, bendito seja Cristo nosso Deus, sempre, agora e para sempre, amem”. Estas duas testemunhas são muito antigas no cristianismo e elas mostram que Jesus Cristo é Javé (“Aquele que é”). Mas, vejamos quão biblica é esta idéia que, é claro, ”as testemunhas de Jeová” nunca aceitarão. Neste caso, vamos por duas perguntas a eles:  

a) Por que eles chamam Jeová de Juíz [13], se o Evangelho diz claramente que “O Pai, não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o julgamento” (João 5:22)? Ou será que eles reconhecem que, contudo, Jeová é o Filho e não o Pai?

b) Por que Cristo foi crucificado? (queremos provas biblicas claras). Se chegarmos a por estas duas perguntas, veremos que eles não saberão o que responder a nenhuma das duas. E se a primeira deriva da confusão geral que paira acima da doutrina das “testemunhas”, a segunda deve ser minuciosamente analisada.

3. O texto de Levitico 24:16 mostra claramente que, segundo a Lei, ninguem tinha direito de matar alguem por se achar ou fingir ser Messias (sobretudo, porque os judeus tiveram varios falsos-Messias e nenhum deles foi morto por isso), mas eles deviam matar, segundo a Lei, a pedradas, aquele que difamava a Deus e a maior difamação era se passar por Deus. E éis que Cristo disse ser Deus (João 5:18; 10:30-33) [14] e foi por isso que O crucificaram. Mais do que isso, muitas vezes, Ele confessava abertamente Sua divindade, atribuia a Ele Mesmo, de forma indireta, o nome de Javé, coisa que “justificou” (conforme a Lei) a Sua crucificação.Vamos mostrar uns argumentos muito claros: “Mas Ele continuava em silêncio e nada respondia. O Sumo-sacerdote voltou a interrogá-lo: «És Tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?» Jesus respondeu: «Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder e vir sobre as nuvens do céu.» O Sumo-sacerdote rasgou, então, as suas vestes e disse: «Que necessidades temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfémia! Que vos parece?» E todos sentenciavam que Ele era culpado de morte.“ (Mc 14:61-64). Deste texto, corelado a Levitico 24:16 (e aos nossos comentarios), resulta claramente que o Sumo-sacerdote considerou blasfêmia não o fato Dele se achar o Cristo (Messias) ou “O Filho do bendito” (o que, ao modo geral, somos todos Ps 81:5), mas o fato Dele ter dito as palavras “Eu sou”. Para que se convençam, vejam as reações a este “Eu sou” no Evangelho: “Disse-lhes, pois, Jesus: «Quando tiverdes erguido ao alto o Filho do Homem, então ficareis a saber que Eu sou o que sou e que nada faço por mim mesmo, mas falo destas coisas tal como o Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou só, porque faço sempre aquilo que lhe agrada.» Quando expunha estas coisas, muitos creram nele. Então, Jesus pôs-se a dizer aos judeus que nele tinham acreditado: «Se permanecerdes fiéis à minha mensagem, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» Replicaram-lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém! Como é que Tu dizes: Sereis livres?» Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: todo aquele que comete o pecado é servo do pecado, e o servo não fica na família para sempre; o filho é que fica para sempre. Pois bem, se o Filho vos libertar, sereis realmente livres. Eu sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-me, porque não aderis à minha palavra.“ (João 8:28-37). As palavras “Eu sou”, ditas no sentido comum, não teriam gerado, de nenhuma maneira, esse tipo de reações. Vejam ainda: “Mas Ele acrescentou: «Vós sois cá de baixo; Eu sou lá de cima! Vós sois deste mundo; Eu não sou deste mundo. Já vos disse que morrereis nos vossos pecados. De facto, se não crerdes que Eu sou o que sou, morrereis nos vossos pecados.»” (João 8:23-24). Aqui, vemos claramente duas valencias diferentes da expressão “Eu sou”, como tambem o fato que, na ultima sentença, ela não tem um sentido habitual, assim como podemos ver tambem nos seguintes versiculos: -“Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: antes de Abraão existir, Eu sou!» Então, agarraram em pedras para lhe atirarem. Mas Jesus escondeu-se e saiu do templo (João 8:58-59).

-“Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, adiantou-se e disse-lhes: «Quem buscais?» Responderam-lhe: «Jesus, o Nazareno.» Disse-lhes Ele: «Eu sou!» E Judas, aquele que o ia entregar, também estava junto deles. Logo que Jesus lhes disse: ‘Eu sou!’, recuaram e caíram por terra. E perguntou-lhes segunda vez: «Quem buscais?» Disseram-lhe: «Jesus, o Nazareno!» Jesus replicou-lhes: «Já vos disse que Eu sou. Se é a mim que buscais, então deixai estes ir embora.»” (João 18:4-8,12).

Por que os judeus recuaram e cairam por terra quando Ele lhes disse: “Eu sou”? Não será que eles fizeram isso porque ouviram o tetragrama, tendo, então, uma reação normal para os judeus, ao ouvirem “o nome” de Javé? Evidentemente, essas palavras ditas no sentido comum não teriam gerado esta reação: primeiro a prosternação, logo a crucificação.

4. Dos textos acima, inferimos que Jesus Se chamava de Javé (“Eu sou Aquele Que sou”), mesmo não dizendo isso de forma direta, situação causada talvez tambem pela fala em aramaico, que é diferente da ebraico e dificilmente de ser apresentada em grego. Por outro lado, a Escritura atribui, de forma direta, a Jesus Cristo, somente o nome de “O Senhor”. E, já que “ninguém pode dizer: «Jesus é Senhor», senão pelo Espírito Santo” (I Cor. 12:3), consideramos que a fixação deste “nome” é providencial e desejado por Deus atraves do Espirito Santo e não pode ser considerada, de forma alguma, o resultado dum erro ou duma tradição (estritamente) judaica de substituir um nome por outro. Assim como veremos daqui adiante, invocando este nome (O Senhor), junto ao nome “Jesus (=”Deus salva”) e Cristo (=”O Ungido de Deus”), os cristãos rezam ao Deus Unico em natureza e triplicado em Pessoas: O Pai,O Filho e O Espirito Santo.

5. Sabemos que “as testemunhas de Jeová” não concordam com este ensinamento e eles nunca rezam a Jesus, mas éis que, desta vez tambem, elas contradizem flagrantemente a Escritura. Nós sabemos claramente que os primeiros cristãos “em qualquer lugar invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo”(I Cor 1:2), como Ele mesmo nos exortou (João 14:14 e 16:24). Os cristãos, inspirados pelo Espirito Santo e ensinados pelos Discípulos, entendiam muito bem que “em nome de Jesus Nazareno, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos, é por Ele que este homem se apresenta curado diante de vós. Ele é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que se transformou em pedra angular. E não há salvação em nenhum outro, pois não há debaixo do céu qualquer outro nome, dado aos homens, que nos possa salvar.» “ (Atos 4:10-12). Consequentemente, A Igreja e seus membros não somente estão certos em elevarem suas orações ao Senhor Jesus, Quem salva, mas tambem são exortados a fazê-lo. A mesma coisa fez o primeiro mártir e diacono Estevão (Actos 7:59). Perguntamos às “testemunhas” por que Estevão não rezou a Javé (assim como dizem eles que faziam os primeiros cristãos)? Perguntamos eles tambem: Estevão rezou a Deus ou a uma criatura? Se rezou a uma criatura, então Estevão era pagão? E se foi pagão, por que a Biblia não condena isso, mas apresenta Estevão como confessor da verdadeira fé?

6. Além de que, desde o começo, os cristãos invocavam “o nome do Senhor Jesus Cristo”, os proprios judeus entediam o “perigo” da pregação deste nome e proibíam exatamente isso (Atos 5:28,41).  Saul tambem, no começo, perseguía “todos os que invocavam Seu nome [ou seja do Senhor Jesus] (Atos 9:14), logo o mesmo Saul ía “levar o Seu nome perante os pagãos” e até “sofrer por este nome” (Atos 9:15-16). Mas, em nenhum lugar se trata do nome Javé, mas somente do nome do Senhor Jesus Cristo.

7. Um dos “argumentos” que “as testemunhas” trazem, a respeito do “nome de Deus”, é o texto de João 17:6 que, na mentalidade deles, demonstra que Deus tem um nome que deve ser conhecido por todos. Vejamos o que diz O Salvador na Sua oraçãcao de Getsemâni: “Manifestei o Teu nome aos homens que do mundo me deste. Eles eram teus e Tu mos deste e têm guardado a tua palavra.” (João 17:6). Desta vez, tambem temos que decepcionar “as testemunhas”, pondo duas perguntas a eles, para que constatem que o texto, na verdade, está contra eles.

a) Quem foi que mostrou o nome de Deus aos homens, Cristo (no Novo Testamento) ou Moisés (desde o Antigo Testamento)? Será que se trata do mesmo “nome” descoberto pelos dois?

b) Nao será que Cristo nos revela que foi Ele Quem revelou o nome Javé a Moisés (Ele existindo desde antes de Moisés e de Abrahão, como Ele mesmo diz)? Sabendo que “as testemunhas” não podem responder a estas perguntas, sobretudo porque qualquer opção de resposta vai em contra deles, só nos resta constatar que, se falamos Daquele que revelou a Moisés “o misterioso nome” (Exodo,cap 4), devemos reconhecer que Ele foi o Filho e A Palavra de Deus (ainda não encarnado), que disse sobre Ele mesmo:”Eu sou Aquele Que sou”. É Ele “O Anjo do grande Conselho [da Trindade] ” (Isaías 9:5), Que Se mostrou e falou com Abrahão, Moisés, etc. (Gên 18:1 e os seguintes, comparados a João 8:56, depois 21:17-18; 22:11-12,14-18; Exodo 3:2 e as seguintes). Ainda remarcamos que, cada vez que O Logos Divino “cumpria uma missão” na forma do Anjo (Messageiro) de Deus, fazia isso como se Ele mesmo fosse Deus (vejam os versiculos biblicos dacima). Em consecuencia, nos textos acima não se trata do Arcanjo Miguel (com natureza angelica), como dizem “as testemunhas”, pois “Com efeito, a qual dos anjos disse Deus alguma vez: Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei? E ainda: Eu serei para Ele um Pai e Ele será para mim um Filho?“ (Hebreus 1:5; Mat 3:17;17:5).

8. Voltando ao texto de João 17:6, devemos acrescentar que “o nome” que Cristo nos revelou com respeito a Deus-Pai é o apelativo de “Pai”. E esse “nome” que somos exortados a chamar cada vez que rezamos – vejam a oração “Pai Nosso…”(não “Jeova Nosso”). Tambem a Escritura nos diz que a invocação de Deus como Pai não é algo (puramente) humano, mas do Espirito Santo nos nossos corações (Gal 4:6), é por isso que a Igreja reza (na Liturgia) para que nós “tenhamos a honra” de chamar Deus de Pai, “com atrevimento e sem condenação”. Parece que “as testemunhas de Jeová” ainda nao conseguiram a honra deste grande presente – chamar Deus de Pai.

9. Em conclusão,vemos que Deus (O Pai, O Filho e O Espirito Santo), no Antigo Testamento, não era conhecido como Trindade e falava “como uma única voz”, mesmo que, profeticamente, varias vezes Se revelou como sendo uma comunhão de Pessoas (Gên 1:26;11:7,etc). ”O messageiro” de Deus era e é A Palavra de Deus (João 1:1-5), ou seja o Filho, Que existe desde antes dos tempos. Ele foi Quem Se revelou a Moisés com “o nome”: Eu sou Aquele Que sou (Javé), só que, sobretudo a partir do Novo Testamento, esse nome aparecerá exclusivamente na forma: Κύριος – O Senhor. Nem Javé, nem O Senhor são nomes proprios do Salvador (ou de Deus-Pai), mas nomes dos seus atributos mais carateristicos. Um outro importante descobrimento que Cristo e Seu Evangelho trouxeram é o conhecimento sobre o Pai, Que podemos invocar atraves do Filho, no Espirito Santo.

10. Após tudo dito acima, observemos que as verdadeiras “testemunhas de Jeová”, ou seja de Cristo, somos nós, e os membros da SociedadeTorre de Vigia” são as “testemunhas” dum deus imaginario, que não é nem Javé – O Filho, nem tão pouco é o Pai, porque não pode haver um Deus Pai, sem que Ele tenha um Filho que seja tambem Deus, da mesma natureza que Ele, porque aquele que nasce dum ser divino não pode ter outra natureza, assim como é o caso tambem dos homens ou até dos animais. Somente nos resta exortar todas “as testemunhas de Jeová” a se arrependerem da sua perdição e a receberem a verdadeira fé e que os ortodoxos tenham muito cuidado e que estejam firmes na sua fé.

Traducere: Ioana Andreea Lazăr, după www.teologie.net


NOTAS:

[1] Barbara Harrison, Visions of Glory, p. 253, citado em J. Elliot, Language and Identitiy at the Kingdom Hall, em www.watchtowerinformationservice.org

[2] Este nome pode ser lido de várias maneiras: Javé, Jeová etc. Nós preferimos acima de tudo, a versão: Javé.  Veja também o livro de Nathan Stone, Name of God, http://www.ldolphin.org/nathanstone/. O livro deve ser lido com algumas reservas. Na internet existem muitos outros materiais sobre o tema, mas eles devem ser lidos de forma selectiva, porque alguns são escritos mesmo de “testemunhas” ou simpatizantes de suas ideias.

[3] A Sentinela, 1 de Maio, 1998, p.5.

[4] Ibid, pp 7-8.

[5] Diácono Andrei Kuraev, Lição áudio sobre Testemunhas de Jeová, em 2 partes, www.predanie.ru. Desta lição (em russo) é que mais argumentos e informações temos expostas, mas de uma maneira diferente.

[6] Detalhes e análise minuciosa da história e do significado do tetragrama, Dr. Petre Semen, em Valenţele teologice ale tetragramei divine, revista „Pleroma”, nr. 3/2006, pp. 61-82.

[7] Os especialistas não chegaram a um consenso sobre esta leitura. Nós demos preferência a versão de Dr. Petre Semen (ver obra citada), que nos foi professor de Antigo Testamento e Língua Hebraica na Faculdade de Teologia Ortodoxa em Iasi, Roménia.

[8] Ver Rev. David Pestroiu, A Ortodoxia contra o proselitismo das “Testemunhas de Jeová”, Bucareste, 2005, p 63.

[9] Ver A Sentinela, 15 de setembro de 1995, p. 28, 1 de outubro de 1997, p 14.

[10] Rev. David Pestroiu, op. cit., p 65.

[11] Uma das mais chocantes afirmações das “testemunhas” é que os que usam o nome “Elohim” (que está no plural) seriam culpados de politeismo. (A Sociedade Torre de Vigia, Há de crêr na Trindade? p. 13). Então, de forma indireta, eles acusam Moises de politeismo. Vejam a que aberações pode levar a obsessão anti-trinitaria.

[12] A Sociedade Torre de Vigia, Trazer argumentos das Escrituras, p 171.

[13] Ver A Sentinela, 01 de março de 1996, p.7

[14] De passagem, perguntamos às “testemunhas” se Cristo mentia ou não, ao dizer isso? Se Ele mentia, então todo o Evangelho é mentiroso e se dizia a verdade, significa que Ele é Deus.

Post Author: LusOrtodoxia

1 thought on “O nome de Deus é Jeová? De quem são “testemunhas” os membros da Sociedade “Torre de Vigia”?

    Frankmar Corrêa

    (11.08.2013 - 03:29)

    Esse Estudo é ótimo. a Doutrina Bíblica a respeito do Deus Uno e Trino é uma Das Doutrinas principais do Cristianismo.
    Lamentável que o Grupo Testemunhas de Jeová faça o erro de Rejeitar a Doutrina da Trindade e ainda insistem em ensinar que o erro de que o nome de Deus seria Jeová.pois Jeová é um nome hibrido e só começou a ser usando no Século XVI.

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